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Portugal com recorde de projetos em concurso de Advanced Grants do ERC

ERC Grants

O Conselho Europeu de Investigação (em inglês, ERC – European Research Council) anunciou hoje, 30 de março, os resultados do concurso Advanced Grants 2022, no qual foram selecionados quatro projetos de investigadores de instituições portuguesas e um projeto de um investigador português a trabalhar no estrangeiro. Os quatro projetos portugueses captaram no seu conjunto um total de 11,5 milhões de euros em financiamento europeu, o que representa 2,1% do financiamento total atribuído aos 218 projetos selecionados neste concurso.

As Advanced Grants são bolsas do ERC destinadas a investigadores que, nos últimos 10 anos, tenham um histórico de relevo tanto ao nível da produção científica, como na orientação de jovens investigadores. O resultado desta edição de 2022 representa um novo record para Portugal, com 4 projetos num único concurso das Advanced Grants. Em termos comparativos, durante todo o H2020, o anterior Programa-Quadro de I&I relativo ao período 2014-2020, Portugal tinha conseguido 8 projetos aprovados nos 7 concursos das Advanced Grants. Nos dois concursos do Horizonte Europa até agora realizados, Portugal conseguiu já 7 projetos aprovados.

A FCT não só congratula os investigadores selecionados, como também aqueles cujas candidaturas foram avaliadas como de elevada qualidade, mas não conseguiram financiamento. A FCT, através do seu programa ERC-Portugal, procura também reconhecer o mérito destas candidaturas através de um apoio específico que permita iniciar o desenvolvimento do projeto de investigação proposto e assim melhorar as condições de uma futura candidatura ao ERC. O programa ERC-Portugal, está aberto a candidaturas em regime contínuo.

Investigadores e projetos contemplados com a Advanced Grant no concurso de 2022:

Henrique Veiga Fernandes, da Fundação Champalimaud, propõe estudar o modo como o sistema nervoso e o sistema imunitário se coordenam na resposta a processos de infeção e inflamação. Esta interação entre o sistema nervoso e o sistema imunitário é muito importante na deteção e resposta a ameaças externas. No entanto, o mecanismo e o detalhe dessas interações ainda não é suficientemente compreendido. A sua melhor compreensão poderá potencialmente permitir o desenvolvimento de novos tratamentos.

Isabel Gordo, do Instituto Gulbenkian de Ciência, irá estudar o modo como as populações de microrganismos que vivem nos intestinos dos mamíferos evoluem. A diversidade de bactérias nos intestinos tem um papel importante na manutenção da saúde e na doença. No entanto, os mecanismos de seleção natural que atuam para dar origem a essas populações microbianas nos intestinos ainda são mal compreendidos. A equipa irá procurar elucidar melhor esses mecanismos, assim como o papel da diversidade de bactérias no estado de saúde do hospedeiro.

Maria Manuel Mota, do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, irá estudar o modo como o parasita da malária se replica no fígado. A malária é uma doença causada por um parasita, que é transmitido por mosquitos. O parasita tem uma alta taxa de replicação nas células do fígado, infetando depois as células do sangue, o que dá origem à doença. A investigadora propõe estudar as causas da tão elevada taxa de replicação do parasita no fígado, assim como a sua diversidade genética, e o papel destes dois fatores na severidade da doença. Este conhecimento poderá permitir identificar novos alvos e ferramentas para o combate à malária.

Mariana Pinho, da Universidade Nova de Lisboa, propõe estudar o ciclo celular das bactérias, designadamente a forma como estas se dividem e multiplicam, tendo em vista o desenvolvimento de novos tipos de antibióticos. As populações de bactérias, através de um processo de evolução, são capazes de desenvolver resistência a antibióticos, particularmente nos casos em que esses antibióticos têm apenas um alvo. A investigação proposta visa o entendimento de algumas componentes ainda mal compreendidas do ciclo celular bacteriano, tendo em vista a identificação de novos alvos para novos antibióticos, que possam interferir com esse ciclo e impedir a replicação bacteriana.

Gonçalo Castelo-Branco, do Instituto Karolinska, na Suécia, propõe estudar fatores genéticos associados ao risco de esclerose múltipla. A esclerose múltipla é uma doença autoimune que se caracteriza pelo ataque do próprio sistema imunitário a um tipo de células do sistema nervoso central (oligodendrócitos) e, em particular, à camada de mielina que os envolve. A equipa de investigação irá estudar as variações genéticas destas células do sistema nervoso central e o seu papel no desenvolvimento da doença, tendo em vista o desenvolvimento futuro de novas estratégias terapêutica.

Com mais este resultado num concurso ERC, a investigação desenvolvida em Portugal eleva para cerca de 65 milhões de euros o financiamento captado no âmbito do ERC e em todas as tipologias de concursos – Starting, Consolidator, Advanced, Synergy, Proof of Concept -, desde o início do Horizonte Europa (2021-2027). Este financiamento está distribuído por 42 projetos liderados por Portugal e nos três domínios científicos do ERC: Ciências da Vida, Ciências Exatas e Engenharias, e Ciências Sociais e Humanidades.