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Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência

Foi anunciado hoje, dia 19 de fevereiro, o nome das quatro jovens cientistas portuguesas vencedoras da 16.ª edição das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência.

Diana Priscila Pires, do Centro de Engenharia Biológica – Universidade do Minho; Cristina Godinho-Silva, da Fundação Champalimaud; Ana Rita Carlos, do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c) – Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; e Ana Luísa Gonçalves, do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia – Universidade do Porto viram o seu trabalho distinguido com um prémio individual de 15 mil euros que visa apoiar e incentivar a continuidade da sua investigação.

As quatro investigadoras, já doutoradas e com idades entre os 30 e os 34 anos, estão a desenvolver investigação em áreas tão diferentes como as bactérias resistentes, a distrofia muscular, as células imunitárias ou as microalgas. Estas vencedoras foram selecionadas entre mais de 80 candidatas, por um júri científico presidido por Alexandre Quintanilha.

 

 

DIANA PRISCILA PIRES 
Centro de Engenharia Biológica, Universidade do Minho

Combater a Pseudomonas aeruginosa, uma bactéria resistente a antibióticos, associada a graves infeções hospitalares e elevada mortalidade, é o grande desafio da investigação de Diana Priscila Pires. A investigadora pretende desenvolver uma ferramenta de edição genética que lhe permita melhorar as propriedades antibacterianas dos bacteriófagos, que combatem as infeções causadas por Pseudomonas aeruginosa, já considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um risco para a saúde pública. Os bacteriófagos – também conhecidos como fagos – são vírus bacterianos que não têm qualquer efeito adverso para os humanos, mas que conseguem infetar e atacar bactérias nocivas. Cada tipo de fago atua numa bactéria específica, pelo que uma vez identificados bactérias e fagos correspondentes, estes últimos podem ser usados para combater naturalmente as primeiras.

 

 

Cristina Godinho Silva

CRISTINA GODINHO-SILVA
Fundação Champalimaud

Cristina Godinho-Silva é Doutorada em Ciências Biomédicas (2014) pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Noutros projetos de investigação, verificou que o relógio biológico, comandado pelo cérebro, regula um grupo de células do sistema imunitário – as células linfóides inatas tipo 3 (ILC3s). Estas são essenciais para manter a saúde e o bom funcionamento de órgãos vitais, como os intestinos. Constatou, então, que as mudanças de ritmos, horários e hábitos de sono afetam a quantidade destas células imunitárias no intestino que, desta forma, deixam de conseguir proteger e manter saudável este órgão. A investigadora pretende agora aprofundar a análise sobre de que modo o relógio biológico (ritmo circadiano) regula as ILC2s nos rins e se a falta desta regulação pode comprometer a função destas células e contribuir para doenças, como a insuficiência renal e outras associadas aos rins. Em paralelo, pretende explorar também a mesma causalidade em relação ao pulmão e a patologias associadas a este órgão, como alergia e asma.

 

 

Ana Rita Carlos

ANA RITA CARLOS
Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c), Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Doutorada em Radiobiologia na Universidade de Oxford (Reino Unido), em 2013, Ana Rita Carlos, com a sua investigação procura perceber como se desenvolve a distrofia muscular congénita merosina-negativa (MDC1A), uma forma de distrofia muscular associada a mutações genéticas (gene LAMA2), que levam a alterações nas células musculares ainda no útero materno e que, futuramente, comprometem a capacidade de andar, engolir e até respirar.

A investigadora pretende identificar os mecanismos que desencadeiam as alterações musculares e, em particular, tentar perceber se mutações no gene LAMA2 poderão levar ao envelhecimento precoce das células dos músculos (senescência) e à consequente perda das suas funcionalidades.

 

Ana Goncalves

ANA LUÍSA GONÇALVES
Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia (LEPABE), Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto

Serão as microalgas capazes de assimilar o azoto e fósforo que subsistem nos efluentes industriais mesmo depois de tratados? E como pode a sua biomassa ser valorizada em novas aplicações?

Estas são algumas das perguntas para as quais Ana Luísa Gonçalves procura uma resposta. Com a sua investigação pretende avaliar o potencial das microalgas para tratar de forma mais eficiente e sustentável os efluentes industriais que, mesmo após tratamento primário e secundário, continuam a apresentar elevadas concentrações de azoto e fósforo. Estes dois nutrientes têm impactos negativos nos ecossistemas aquáticos – com limites legais a cumprir -, mas por serem nutrientes essenciais para as microalgas, contribuem para o crescimento e a riqueza das próprias, cuja biomassa poderá ainda ser utilizada em novas aplicações.

 

 

O evento contou com a presença do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor; da Vice Presidente da Assembleia da República, Edite Estrela; da Ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva; da Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro; da Secretária de Estado para a Valorização do Interior, Isabel Ferreira; da Presidente da FCT, Helena Pereira; da CEO da L’Oréal Portugal, Cátia Martins; do Presidente do Júri dos Prémios, Alexandre Quintanilha; e da Presidente da Ciência Viva, Rosalia Vargas.

Esta iniciativa tem origem numa parceria entre a L’Oréal e a UNESCO, celebrada em 1998, “L’Oréal-UNESCO For Women in Science”. Em 2004, surgem em Portugal as Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência, iniciativa que junta à L’Oréal Portugal, a Comissão Nacional da UNESCO e a FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Em 16 anos, 53 jovens investigadoras foram premiadas em Portugal.